segunda-feira, 14 de março de 2011

Vila do Sossego - Zé Ramalho


Bem pessoal está ai a postagem da sexta passada que eu viajei e não deu pra eu postar. Olhem e comentem beijos, abraços.

Rafael

 Oh, eu não sei se eram os antigos que diziam
Em seus papiros Papillon já me dizia
Que nas torturas toda carne se trai
Que normalmente, comumente, fatalmente, felizmente,
Displicentemente o nervo se contrai, oh, com precisão
Nos aviões que vomitavam pára-quedas
Nas casamatas, caso vivas, caso morras
E nos delírios meus grilos temer
O casamento, o rompimento, o sacramento, o documento
Como um passatempo quero mais te ver, oh, com aflição
Meu treponema não é pálido nem viscoso
E os meus gametas se agrupam no meu som
E as querubinas meninas rever
Um compromisso submisso, rebuliço no cortiço
Chamo o Padre “Ciço” para me benzer, oh, com devoção


  
      Certas músicas contam histórias, algumas parecem que saltaram de um bom livro. Isso faz que eu me sinta espectador da ação passando a viver o que é cantado. Assim como nos livros.
      Muitas músicas do Zé Ramalho carregam isso, os detalhes, os arranjos, algumas rimas, aquela palavra usada de forma certeira que realmente faz jus a parecer música para os ouvidos, entre as entrelinhas que existem em suas letras com mensagens libertinas.
      A rima aplicada de forma constante deixa a música harmoniosa como uma poesia. Veja: …Que normalmente, comumente, fatalmente, felizmente, displicentemente o nervo se contrai, oh, com precisão... e …Um compromisso submisso, rebuliço no cortiço chamo o Padre “Ciço” para me benzer, oh, com devoção…
      Outro momento que faz eu imaginar uma leitura, é a forma de relatar certas ocasiões. Letras que usando palavras certeiras deixam a leitura, ou melhor a canção ótima para os ouvidos. Fazendo analogias e deixando nossa imaginação fluir, esse momento floresce nesse trecho: …Nos aviões que vomitavam pára-quedas / Nas casamatas, caso vivas, caso morras / E nos delírios meus grilos temer…

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