segunda-feira, 28 de novembro de 2011

A volta ao mundo em 80 dias.

O livro “A Volta ao Mundo em 80 Dias” conta a história de um inglês bem-educado, culto e rico chamado Phileas Fogg.

No início do livro, o Sr. Fogg recebe em sua casa o seu novo criado particular, o francês Passepartout. Nesse mesmo dia, enquanto jogava whist com outros membros do Reform Club e discutiam o recente assalto ao Banco de Inglaterra, Fogg afirmou que seria possível ao ladrão em fuga dar a volta ao mundo em em oitenta dias. Esta afirmação causou uma acesa discussão entre os jogadores que acabam por fazer uma aposta com Phileas Fogg: Stuart, Fallentin, Sullivan, Flanagan e Ralph apostaram quatro mil libras contra vinte mil libras de Fogg em como este não conseguiria dar a volta ao mundo em oitenta dias. Feita a aposta, Phileas partiria nessa mesma noite, dia 2 de Outubro, e regressaria a Londres dia 21 de Dezembro, quando faltassem exactamente quinze minutos para as nove da noite. E foi assim que, acompanhado pelo jovem Passepartout, o nosso herói iniciou uma grande aventura.
Após ter ultrapassado Paris, Turim e Brindisi, foi em Suez que Fogg se tornou suspeito do teimoso detective da Scotland Yard, Sr. Fix, que encontrou várias semelhanças entre o Phileas e o assaltante do Banco de Inglaterra. O detective imediatamente pediu um mandado de captura para Londres. A partir daqui, Phileas Fogg foi permanentemente perseguido pelo detective Fix. Os dois companheiros seguem viagem desde o Egipto à Índia, depois a China, o Japão, os Estados Unidos e, finalmente regressam a Inglaterra. Na sua jornada usam diferentes meios de transporte da época - vapores, comboios, carruagens , e até mesmo um elefante. São também várias as personagens com quem se cruzam e criam amizade. É o caso de Aouda, uma bela indiana que é salva pelos nossos heróis e dois novos amigos, Sir Francis e um jovem persa, de ser sacrificada. Os sentimentos entre Fogg e Aouda vão crescendo ao longo da viagem.
Desconhecendo que o verdadeiro assaltante do Banco de Inglaterra, um certo James Strand, fora preso a 17 de Dezembro em Edimburgo, o detective Fix prende Fogg quando este chega ao cais de Liverpool. Este acontecimento acaba por atrasar o nosso herói que, após ter sido libertado, ter esmurrado o nariz do detective e ter apanhado um comboio especial para Londres, acaba por verificar que perdera a aposta por cinco minutos. Seguiu para casa com Aouda e Passepartout. No dia seguinte, Passepartout dirige-se ao Reverendo Samuel Wilson para marcar o casamento de Fogg e Aouda. É então que descobre que era Sábado e não Domingo, logo não tinham perdido a aposta. Como a viagem fora feita sempre em direcção a Oriente, isto é, contra o sol, os dias diminuiram tantas vezes que acabaram por ganhar um dia!
Fogg reclama a sua vitória e assim termina o livro.


Esse é um resumo do livro "A volta ao mundo em 80 dias.", muito bom para quem não tem ou não leu o livro.

Beijos, Raphaella de Miranda.

Caractéristicas do classicismo.

Características do classicismo renascentista:
Antropocentrismo
Presença de elementos da mitologia
Presença de elementos do cristianismo
Preciosismo vocabular
Obediência à versificação
Figuras (em especial de personificação)
Racionalismo (objetividade)
Universalismo (generalização)

Características do classicismo:
1º Imitação dos autores clássicos gregos e romanos da antiguidade: Homero, Virgílio, Ovídio, etc...
2º  Uso da mitologia: Os deuses e as musas, inspiradoras dos clássicos gregos e latinos a parecem também nos clássicos renascentistas: Os Lusíadas: (Vênus) = a deusa do amor; Marte (o deus da guerra), protegem os portugueses em suas conquistas marítimas.
3º  Predomínio da razão sobre os sentimentos: A linguagem clássica não é subjetiva nem impregnada de sentimentalismos e de figuras, porque procura coar, através da razão, todas os dados fornecidos pela natureza e, desta forma expressou verdades universais.
4º  Uso de uma linguagem sóbria, simples, sem excesso de figuras literárias.
5º  Idealismo: O classicismo aborda os homens ideais, libertos de suas necessidades diárias, comuns. Os personagens centrais das epopéias (grandes poemas sobre grandes feitos e heróicos) nos são apresentados como seres superiores, verdadeiros semideuses, sem defeitos. Ex.: Vasco da Gama em os Lusíadas: é um ser dotado de virtudes extraordinárias, incapaz de cometer qualquer erro.
6º  Amor Platônico: Os poetas clássicos revivem a idéia de Platão de que o amor deve ser sublime, elevado, espiritual, puro, não-físico.
7º  Busca da universalidade e impessoalidade: A obra clássica torna-se a expressão de verdades universais, eternas e despreza o particular, o individual, aquilo que é relativo.

Luis de Camões
Características da poesia de Luis Vaz de Camões
1º  Poesia elaborada sobre uma experiência pessoal múltipla.
2º  Síntese entre a tradição literária portuguesa e as inovações introduzidas pelos ilalianizozntes do "dolce stil nuevo": redondilhas > inovações formais (decassílabo) Mote glosado > inovações temáticas (amor platônico e seus paradoxos)

A lira de Luis Vaz de Camões
1º  Visão da natureza (idal clássico que se caracteriza pela harmonia, ordem e racionalidade (a natureza é um exemplo)).
2º  Concepção do amor: (Platonismo: O verdadeiro amor, amor puro, está no mundo das idéias).
3º  O desconcerto do mundo (a razão desvenda o mundo sem sentido e sofre).

Raphaella de Miranda.

domingo, 27 de novembro de 2011

José de Anchieta





O melhor da produção literária do Quinhentismo, do ponto de vista estético, surge na segunda metade do século XVI, com a chegada dos padres jesuítas. Seus textos, com forte traço da cultura medieval, representam manifestações de uma literatura mais organizada, seja pela cultura dos membros da Companhia de Jesus, seja pelo cultivo de gêneros como a poesia e o teatro. Refletindo o momento religioso da Contra-Reforma, é uma literatura de cunho pedagógico, voltada ao trabalho de catequese.
Tendo o padre Manuel da Nóbrega, Provincial dos Jesuítas no Brasil, solicitado mais braços para a atividade de evangelização do Brasil (mesmo os fracos de engenho e os doentes do corpo), o Provincial da Ordem,Simão Rodrigues, indicou, entre outros, José de Anchieta.
Anchieta, que padecia de "espinhela caída", chegou ao Brasil em 13 de junho de 1553, com menos de 20 anos de idade, com outros padres como o basco João de Azpilcueta Navarro. Noviço, veio na armada de Duarte Góis e só mais tarde conheceria Manuel da Nóbrega, de quem se tornaria particular amigo. Nóbrega lhe deu a incumbência de continuar a construção do Colégio e foi a partir deste que Anchieta abriu os caminhos do sertão, aprendendo a língua tupi e compondo a primeira gramática desta que, na América Portuguesa, seria chamada de "língua geral".
No seguimento da sua ação missionária, participou da fundação, no planalto de Piratininga, do Colégio de São Paulo, do qual foi regente, embrião da cidade de São Paulo, junto com outros padres da Companhia, em 25 de janeiro de 1554. Esta povoação contava, no primeiro ano da sua existência com 130 pessoas, das quais 36 haviam recebido o batismo.
  • Obras:

Segundo a "Brasiliana da Biblioteca Nacional" (2001) "o Apóstolo do Brasil", fundador de cidades e missionário incomparável, foi gramático,poeta, teatrólogo e historiador. O apostolado não impediu Anchieta de cultivar as letras, compondo seus textos em quatro línguas -português, castelhano, latim e tupi, tanto em prosa como em verso.
Duas das suas principais obras foram publicadas ainda durante a sua vida:
  • "De gestis Mendi de Saa" ("Os feitos de Mem de Sá") impressa em Coimbra em 1563, retrata a luta dos portugueses, chefiados pelo governador-geral Mem de Sá, para expulsar os franceses da baía da Guanabara onde Nicolas Durand de Villegagnon fundara a França Antártica. Esta epopeia renascentista, escrita em latim e anterior à edição de "Os Lusíadas", de Luís de Camões, é o primeiro poema épico da América, tornando-se assim o primeiro poema brasileiro impresso e, ao mesmo tempo, a primeira obra de Anchieta publicada.
  • "Arte de gramática da língua mais usada na costa do Brasil" impressa em Coimbra em 1595 por Antonio de Mariz. É a primeira gramática contendo os fundamentos da língua tupi. Apresenta folha de rosto com o emblema da Companhia de Jesus. Desta edição conhecem-se apenas sete exemplares, dois dos quais encontram-se na Biblioteca Nacional do Brasil: o primeiro pertenceu ao imperador D. Pedro II(1840-1889) e o outro é oriundo da coleção de José Carlos Rodrigues. Constituindo-se na sua segunda obra publicada, é ainda a segunda obra dedicada a línguas indígenas, uma vez que, em 1571, já surgira, no México, a "Arte de la lengua mexicana y castellana" de frei Alonso de Molina.
O movimento de catequese influenciou seu teatro e sua poesia, resultando na melhor produção literária do Quinhentismo brasileiro.
Entre suas contribuições culturais, podemos citar as poesias em verso medieval (sobretudo o poema De Beata Virgine Dei Matre Maria, mais conhecido como Poema à Virgem, com 4172 versos), os autos que misturavam características religiosas e indígenas, a primeira gramática do tupi-guarani (A Cartilha dos nativos).
Foi o autor de uma espécie de certidão de nascimento do Rio de Janeiro, quando redigiu sua carta de 9 de julho de 1565 ao Padre Diogo Mirão, dando conta dos acontecimentos ocorridos ali "no último dia de fevereiro ou no primeiro dia de março" do ano. Nela se encontram os seguintes trechos: "...logo no dia seguinte, que foi o último de fevereiro ou primeiro de março, começaram a roçar em terra com grande fervor e cortar madeira para cerca, sem querer saber nem dos tamoios nem dos franceses." E: "... de São Sebastião, para ser favorecida do Senhor, e merecimentos do glorioso mártir."
A sua vasta obra só foi totalmente publicada no Brasil na segunda metade do século XX.
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Thayná Rezende

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

"Volta ao Mundo em 80 Dias"



O tradicional romance de Julio Verne é, na verdade, um clássico sobre o que move viagens e viajantes. A Volta ao Mundo em 80 Dias, embora publicada em 1873, segue sendo uma ficção apaixonante em que Verne mostra sua imaginação genial.
O livro conta a história de um cavalheiro ingles, Phileas Fogg,que tinha uma vida regrada e solitária, mas com muito dinheiro e, devido a uma aposta com seus amigos de jogo, resolve dar a volta ao mundo em 80 dias, acompanhado apenas de seu fiel empregado,um frances cujo nome é Jean Passepartout e com o detetive Fix sempre na sua cola, porque este acredita que Fogg é um assaltante de bancos e o segue até o momento de prendê-lo.
Nessa viagem, viverá diversas aventuras e conhecerá vários lugares do mundo, Esta história já foi traduzida para diversas línguas e por causa dela, muitos ingleses já deram a volta ao mundo.Embora muitos dos livros lançados tragam em suas capas a foto de um balao, não há momento algum na história em que os personagens se utilizem dele. Em certa ocasião, Phileas Fogg cogita o uso de um balão, mas a idéia fica só na imaginação.

Fonte: pt.shvoong.com/books


O livro ficou tão famoso que virou filme e até jogos turma, aqui vai o link .



Confiram , beijos Yanne Moura .

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Carta de Pero Vaz de Caminha e Intertextualidade (Música)

        A literatura de informação, característica da época do quinhentismo, representou os primeiros relatos da terra récem descoberta e por esse motivo serviu de base para textos romanticos, modernistas e até mesmo para músicas.
         Uma das música que utiliza do artifício da intertextualidade é Índios de Renato Russo, veja o trecho da carta, a música e também a análise e comente o que achou dela.

(...)
Mostraram-lhes um papagaio pardo que o Capitão traz consigo; tomaram-no logo na mão e acenaram para a terra, como quem diz que os havia ali. Mostraram-lhes um carneiro: não fizeram caso. Mostraram-lhes uma galinha, quase tiveram medo dela: não lhe queriam pôr a mão; e depois a tomaram como que espantados. Deram-lhes ali de comer: pão e peixe cozido, confeitos, fartéis, mel e figos passados. Não quiseram comer quase nada daquilo; e, se alguma coisa provaram, logo a lançaram fora. Trouxeram-lhes vinho numa taça; mal lhe puseram a boca; não gostaram nada, nem quiseram mais. Trouxeram-lhes a água em uma albarrada. Não beberam. Mal a tomaram na boca, que lavaram, e logo a lançaram fora. Viu um deles umas contas de rosário, brancas; acenou que lhas dessem, folgou muito com elas, e lançou-as ao pescoço. Depois tirou-as e enrolou-as no braço e acenava para a terra e de novo para as contas e para o colar do Capitão, como dizendo que dariam ouro por aquilo. Isto tomávamos nós assim por assim o desejarmos. Mas se ele queria dizer que levaria as contas e mais o colar, isto não o queríamos nós entender, porque não lho havíamos de dar. E depois tornou as contas a quem lhas dera. Então estiraram-se de costas na alcatifa, a dormir, sem buscarem maneira de cobrirem suas vergonhas, as quais não eram fanadas; e as cabeleiras delas estavam bem rapadas e feitas. O Capitão lhes mandou pôr por baixo das cabeças seus coxins; e o da cabeleira esforçava-se por não a quebrar. E lançaram-lhes um manto por cima; e eles consentiram, quedaram-se e dormiram. (...)
(Pero Vaz de Caminha. In: Maria da Conceição Castro.. Língua e Literatura. vol1. SP:
Saraiva, 1994)

MÚSICA: Índios 
Quem me dera
Ao menos uma vez
Ter de volta todo o ouro
Que entreguei a quem
Conseguiu me convencer
Que era prova de amizade
Se alguém levasse embora
Até o que eu não tinha

Quem me dera
Ao menos uma vez
Esquecer que acreditei
Que era por brincadeira
Que se cortava sempre
Um pano-de-chão
De linho nobre e pura seda

Quem me dera
Ao menos uma vez
Explicar o que ninguém
Consegue entender:
Que o que aconteceu
Ainda está por vir
E o futuro não é mais
Como era antigamente.

Quem me dera
Ao menos uma vez
Provar que quem tem mais
Do que precisa ter
Quase sempre se convence
Que não tem o bastante
Fala demais
Por não ter nada a dizer.

Quem me dera
Ao menos uma vez
Que o mais simples fosse visto
Como o mais importante
Mas nos deram espelhos
E vimos um mundo doente.

Quem me dera
Ao menos uma vez
Entender como só Deus
Ao mesmo tempo é três
Esse mesmo Deus
Foi morto por vocês
É só maldade então
Deixar um Deus tão triste.

Eu quis o perigo
E até sangrei sozinho
Entenda!
Assim pude trazer
Você de volta pra mim
Quando descobri
Que é sempre só você
Que me entende
Do início ao fim.

E é só você que tem
A cura do meu vício
De insistir nessa saudade
Que eu sinto
De tudo que eu ainda não vi.

Quem me dera
Ao menos uma vez
Acreditar por um instante
Em tudo que existe
E acreditar
Que o mundo é perfeito
Que todas as pessoas
São felizes...

Quem me dera
Ao menos uma vez
Fazer com que o mundo
Saiba que seu nome
Está em tudo e mesmo assim
Ninguém lhe diz
Ao menos obrigado.

Quem me dera
Ao menos uma vez
Como a mais bela tribo
Dos mais belos Índios
Não ser atacado
Por ser inocente.

Eu quis o perigo
E até sangrei sozinho
Entenda!
Assim pude trazer
Você de volta pra mim
Quando descobri
Que é sempre só você
Que me entende
Do início ao fim.

E é só você que tem
A cura pro meu vício
De insistir nessa saudade
Que eu sinto
De tudo que eu ainda não vi.

Nos deram espelhos
E vimos um mundo doente
Tentei chorar e não consegui.
(Legião Urbana. Disponível em: www.vagalume.com.br. Acesso em 25/11/2010).


ANALISANDO:
O trecho da carta de Caminha e a música Índios tratam do mesmo tema: a chegada dos portugueses ao Brasil, o primeiro contato com os índios, a busca por ouro e a conseqüente exploração da nossa terra. Caminha descreve o primeiro encontro entre os índios e o capitão da embarcação portuguesa na postura de colonizador. O autor da música fala deste e de outros fatos relacionados, porém, sob a ótica do colonizado. O escrivão português demonstrou grande interesse em descrever o povo que habitava a terra nova, numa visão bastante interessante, usando parâmetros da civilização européia, nada adequados à observação de povos indígenas. Na música, é apresentada uma visão bem crítica dos fatos, possibilitada pelo indispensável distanciamento histórico.
Na música, a repetição da expressão ‘quem me dera ao menos uma vez’ traduz talvez o desejo do autor de voltar ao passado e mudar a história, tentar compreender os fatos ou até mesmo demonstrar alguma atitude perante eles e não somente assistir a tudo passivamente. O oferecimento de bugigangas, representadas por espelhos na música, seria o prenúncio de que os portugueses levariam nossas riquezas (pau-brasil, açúcar, ouro...) em troca de quase nada ou nada em troca.
Na sexta estrofe, o conceito da Trindade (um Deus que é Pai, Filho e Espírito Santo em uma só pessoa) nos remete à catequização dos índios. Para eles, este conceito era tão incompreensível quanto o fato de Jesus ser morto pelo branco (vocês), e Deus, que também é Jesus, continuar vivo e adorado pelos brancos.
Na oitava estrofe se acentua o tom irônico, presente ao longo da música, (seria prova de amizade alguém levar até o que eu não tinha?) quando o autor expressa o desejo de acreditar num mundo perfeito, em meio à hipocrisia de um mundo doente e de pessoas ingratas como se nota na nona estrofe.
 
 
 
 
O que acham da música? Concordam que é uma intertextualidade com a Carta de Caminha ?

Beijos, Camyla Rolim

Conhecendo Murilo Mendes

Murilo Monteiro Mendes, nasceu dia 13 de maio de 1901, em Juiz Fora, Minas Gerais. Aos 9 anos teve uma revelação poética ao assistir a passagem do cometa Halley. Em 1917, fugiu do colégio em Niterói para assistir, no Rio de Janeiro, às apresentações do bailarino Nijinski. Muda-se definitivamente para o Rio em 1920. Os anos de 1924 a 1929 foram dedicados à formação cultural e à luta contra a instabilidade profissional. Foi arquivista no Ministério da Fazenda e funcionário do Banco Mercantil. Nesse período publica poemas em revistas modernistas como "Verde" e "Revista de Antropofagia". Seu primeiro livro, "Poemas", é publicado em 1930. É agraciado com o Prêmio Graça Aranha. Em 1934 converte-se ao catolicismo e, nesse mesmo ano interna-se em um sanatório em Petropólis por estar com tuberculose. Em 1946, torna-se escrivão da 4ª Vara de Família do Distrito Federal. Em 1947 se casa com Maria da Saudade Cortesão.  Cumpre missão cultural na Europa, proferindo diversas conferências. Muda-se para a Itália em 1957, onde se torna professor de Cultura Brasileira na Universidade de Roma. Foi também professor na Universidade de Pisa. Seus livros são publicados por toda a Europa. Em 1972, recebe o prêmio internacional de poesia Etna-Taormina. Murilo Mendes morre em Lisboa, no dia 13 de agosto de 1975.
Murilo Mendes começou pelo humor da poesia modernista, passando pelo catolicismo, o misticismo, o onírico e mesmo o insólito, sempre mantendo a plasticidade imagética. Até atingir uma objetividade que beira os fatos históricos, visto que apresenta paisagens carregadas de estilhaços e fragmentos da história.

Um dos poemas de Murilo Mendes é:

O homem, a luta e a eternidade

Adivinho nos planos da consciência
dois arcanjos lutando com esferas e pensamentos
mundo de planetas em fogo
vertigem
desequilíbrio de forças,
matéria em convulsão ardendo pra se definir.
Ó alma que não conhece todas as suas possibilidades,
o mundo ainda é pequeno pra te encher.
Abala as colunas da realidade,
desperta os ritmos que estão dormindo.
À guerra! Olha os arcanjos se esfacelando!


Um dia a morte devolverá meu corpo,
minha cabeça devolverá meus pensamentos ruins
meus olhos verão a luz da perfeição
e não haverá mais tempo.


Bjos, Maria Carolina



Pero Vaz Caminha segundo Oswaldo de Andrade

Pero Vaz Caminha

a descoberta

Seguimos nosso caminho por este mar de longo
Até a oitava da Páscoa
Topamos aves
E houvemos vista de terra

os selvagens

Mostraram-lhes uma galinha
Quase haviam medo dela
E não queriam pôr a mão
E depois a tomaram como espantados

primeiro chá

Depois de dançarem
Diego Dias
Fez o salto real

as meninas da gare

Eram três ou quatro moças bem moças e bem gentis
Com cabelos mui pretos pelas espáduas
E suas vergonhas tão altas e tão saradinhas
Que de nós as muito bem olharmos
Não tínhamos nenhuma vergonha

Oswald de Andrade
(1890-1954)


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Thayná Rezende

Gilda - Murilo Mendes

Não ponha o nome de Gilda
na sua filha, coitada,
Se tem filha pra nascer
Ou filha pra batisar.
Minha mãe se chama Gilda,
Não se casou com meu pai.
Sempre lhe sobra desgraça,
Não tem tempo de escolher.
Também eu me chamo Gilda,
E, pra dizer a verdade
Sou pouco mais infeliz.
Sou menos do que mulher,
Sou uma mulher qualquer.
Ando à-toa pelo mundo.
Sem força pra me matar.
Minha filha é também Gilda,
Pro costume não perder
É casada com o espelho
E amigada com o José.
Qualquer dia Gilda foge
Ou se mata em Paquetá
Com José ou sem José.
Já comprei lenço de renda
Pra chorar com mais apuro
E aos jornais telefonei.
Se Gilda enfim não morrer,
Se Gilda tiver uma filha
Não põe o nome de Gilda,
Na menina, que não deixo.
Quem ganha o nome de Gilda
Vira Gilda sem querer.
Não ponha o nome de Gilda
No corpo de uma mulher.


Tayná Andrade

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Para saber um pouco mais

Um pouco sobre a vida de Pero Vaz de Caminha, escritor da "Carta":
Pero Vaz de Caminha (Galaico-português: Pero Uaaz de Camjnha; Porto, Portugal, 1450 — Calecute, Índia, 15 de Dezembro de 1500), às vezes popularmente chamado de Pedro Vaz de Caminha, foi um escritor português que se notabilizou nas funções de escrivão da armada de Pedro Álvares Cabral.
Reprodução da carta de Vaz de Caminha a Manuel I de Portugal.
 
Era filho de Vasco Fernandes de Caminha, cavaleiro do duque de Bragança. Seus ancestrais seriam os antigos povoadores de Neiva à época do reinado de D. Fernando (1367-1383).
Letrado, Pero Vaz foi cavaleiro das casas de D. Afonso V (1438-1481), de D. João II (1481-1495) e de D. Manuel I (1495-1521). Pai e filho, para melhor desempenhar seus cargos, precisavam exercitar a prática e desenvolver o conhecimento da escrita, distinguindo-se a serviço dos monarcas.
Teria participado da batalha de Toro (2 de Março de 1475). Em 1476 herdou do pai o cargo de mestre da balança da Casa da Moeda, um cargo equivalente ao de escrivão e tesoureiro, posição de responsabilidade em sua época. Em 1497 foi escolhido para redigir, na qualidade de Vereador, os Capítulos da Câmara Municipal do Porto, a serem apresentados às Cortes de Lisboa. Afirma-se que D. Manuel I, que o nomeou para o cargo no Porto, lhe tinha afeição.
Em 1500, foi nomeado escrivão da feitoria a ser erguida em Calecute, na Índia, razão pela qual se encontrava na nau capitânia da armada de Pedro Álvares Cabral em Abril daquele mesmo ano, quando a mesma descobriu o Brasil. Caminha eternizou-se como o autor da carta, datada de 1 de Maio, ao soberano, um dos três únicos testemunhos desse achamento (os outros dois são a Relação do Piloto Anônimo e a Carta do Mestre João Faras).
Mais conhecido dentre os três, a Carta de Pero Vaz de Caminha é considerada a certidão de nascimento do Brasil embora, dado o segredo com que Portugal sempre envolveu relatos sobre sua descoberta, só fosse publicada no século XIX, pelo Padre Manuel Aires de Casal em sua "Corografia Brasílica", Imprensa Régia, Rio de Janeiro, 1817. O texto de Mestre João demoraria mais ainda: veio à luz em 1843 na Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e isso graças aos esforços do historiador Francisco Adolfo de Varnhagen.
Tradicionalmente se aceita que Caminha pereceu em combate durante o ataque muçulmano à feitoria de Calecute, em construção, no final de 1500.
Caminha desposou D. Catarina Vaz, com quem teve, pelo menos, uma filha, Isabel.


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Thayná Rezende

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Quinhentismo - Literatura de Informação

       O Quinhentismo corresponde a qualquer tipo de literatura produzida sobre o Brasil no século XVI. Uma das formas de representação dessa literatura é a literatura de informação:

Caráter literário

Dada sua finalidade principalmente informativa, a linguagem dos textos do século XVI, em geral, não admite metáforas nem outros artifícios estéticos. Entretanto, o caráter narrativo da maioria das obras e a capacidade imaginativa dos autores contribuem para fazê-los superar os relatórios burocráticos ou científicos.

Estilo e deslumbramento

No que se refere à linguagem, podem-se encontrar nos textos do século XVI preocupações estilísticas semelhantes às dos prosadores portugueses do mesmo período. Assim, as características estilísticas se unem à criatividade e às manifestações de emoção dos autores, modificando o caráter informativo/utilitário dos textos revelando valores artísticos e literários. Esses valores são reforçados na medida em que os textos apresentam particularmente o deslumbramento e o entusiasmo do europeu diante da natureza exuberante dos Trópicos.

Influência sobre romantismo e modernismo

Os textos da literatura informativa também repercutiram em muitos autores brasileiros dos séculos posteriores. Em meados do século XIX, num momento histórico marcado pela necessidade de afirmar a nacionalidade recém-adquirida, os escritores do Romantismo, como Gonçalves Dias e José de Alencar vão pesquisar as origens do país nos textos quinhentistas. Deles extraem a imagem do índio que utilizarão como personagem-símbolo da nacionalidade.

A primeira geração do Modernismo vai se debruçar sobre os textos do século 16 para propor uma nova noção de nacionalismo, que questionava satiricamente os padrões culturais europeus seguidos no Brasil. A carta de Pero Vaz de Caminha é ironizada no capítulo 9 (Carta prás Icamiabas) do "Macunaíma", de Mário de Andrade.

Principais autores e obras

Assim, pode-se afirmar que os textos do século XVI apresentam interesse literário:

  • por documentar o contexto histórico e cultural específico em que a literatura brasileira surgiu;

  • pelas manifestações de criatividade e pelo cuidado estilístico;

  • por apresentar a origem de características predominantes nas primeiras escolas literárias brasileiras, o Barroco e o Arcadismo;

  • por servir de inspiração à literatura brasileira de épocas posteriores.

    Os estudos de literatura brasileira consideram como seu objeto somente os textos escritos em português. Em sua "História Concisa da Literatura Brasileira", o professor Alfredo Bosi aponta os cinco autores e obras mais significativas do século XVI. São eles



  • Pero Vaz de Caminha, "Carta do Achamento do Brasil" (1500)

  • Pero Lopes de Sousa, "Diário da Navegação" (1530);

  • Pero de Magalhães Gândavo, "Tratado da Terra do Brasil" e "História da Província de Santa Cruz, a que Vulgarmente Chamamos Brasil" (1576);

  • Fernão Cardim, "Narrativa Epistolar" (1583) e os "Tratados da Terra e da Gente do Brasil" (data incerta);


  • Para completar o quadro da literatura brasileira no século  XVI, porém, não se pode deixar de olhar com mais atenção para as obra do padre José de Anchieta que, paralelamente ao trabalho religioso, desenvolveu uma constante atividade literária. Escreveu numerosos autos teatrais com finalidade de catequese, e uma grande quantidade de poemas, em português, espanhol, tupi e latim, cujos méritos artísticos são reconhecidos pela crítica literária. Além disso, publicou um estudo linguístico intitulado "Arte da Gramática da Língua Mais Usada na Costa do Brasil" (1595). 




    Beijos, Camyla Rolim

    Quinhentismo No Brasil

    Como vimos na aula de hoje o Quinhentismo, fase da literatura brasileira do século XVI, tem este nome pelo fato das manifestações literárias se iniciarem no ano de 1500, época da colonização portuguesa no Brasil. A literatura brasileira, na verdade, ainda não tinha sua identidade, a qual foi sendo formada sob a influência da literatura portuguesa e europeia em geral. Logo, não havia produção literária ligada diretamente ao povo brasileiro, mas sim obras no Brasil que davam significação aos europeus.

    As duas manifestações literárias do Quinhentismo brasileiro foram a literatura informativa e a literatura dos jesuítas.


    • Literatura Informativa

    Também chamada de literatura dos viajantes ou dos cronistas, reflexo das Grandes Navegações, empenha-se
    em fazer um levantamento da “terra nova”: sua flora, sua fauna, sua gente. De caráter descritivo, esses
    documentos são a única fonte de informação sobre o Brasil do século XVI. A principal característica dessa
    informação é a exaltação da terra, resultado do assombro do homem europeu saído do mundo temperado ao se defrontar com um mundo tropical, totalmente diferente, novo, exótico. Com relação à linguagem, o louvor à terra transparece no uso exagerado de adjetivos, quase sempre empregados no superlativo.

    • Literatura dos jesuítas

    O melhor da produção literária do Quinhentismo, do ponto de vista estético, surge na segunda metade do século XVI, com a chegada dos padres jesuítas. Seus textos, com forte traço da cultura medieval, representam manifestações de uma literatura mais organizada, seja pela cultura dos membros da Companhia de Jesus, seja pelo cultivo de gêneros como a poesia e o teatro. Refletindo o momento religioso da Contra-Reforma, é uma literatura de cunho pedagógico, voltada ao trabalho de catequese.


    Beijos, Tainá Rolim

    domingo, 13 de novembro de 2011

    Amor Platônico

    Em "Os Lusíadas" é possível ver claramente o amor platônico, assim como no clacissismo, conteúdo que vem sendo abordado neste 4° bimestre.

    Mas... O que é o amor platônico?

    O amor platônico é aquele que nunca se concretiza. "Platônico" vem de Platão, justamente porque o filósofo grego acreditava na existência de dois mundos -o das idéias, onde tudo seria perfeito e eterno, e o mundo real, finito e imperfeito, mera cópia mal-acabada do mundo ideal.  Segundo a psicanalista Heidi Tabacof, o amor platônico revela uma dose de imaturidade emocional, à medida que nunca experimenta os limites e as frustrações de uma relação concreta. "Psiquicamente, ele reproduz o amor infantil pelos pais, vistos como figuras perfeitas e supervalorizadas", diz ela, lembrando que nos dois casos a sexualidade está interditada. "O amor platônico é sempre casto." Como toda experiência amorosa, essa também pode servir ao autoconhecimento. Para a especialista, "o aspecto positivo do amor platônico surge quando ele estimula a reflexão sobre os motivos que impedem a pessoa de ter uma relação madura consigo mesma e com o outro".

    Você já sentiu esse tipo de amor? Já o conhecia? O que acha dele?
    Beijos, Priscila.

    quinta-feira, 10 de novembro de 2011

    Os Lusiadas - Algo a mais

    Os Lusíadas, de Luís Vaz de Camões é considerado o maior poema épico da lingua portuguesa. Foi puplicado em 1572 e narra os feitos heróicos dos portugueses, as glórias dos navegadores, os reis do passado, em outras palavras, a história de Portugal

    Elementos
    Os elementos de uma epopeia são quatro: AÇÃO (o assunto no seu desenvolvimento), PERSONAGEM/HERÓI (o agente principal/actante-sujeito), MARAVILHOSO (intervenção de seres superiores), FORMA (forma natural de literatura, estrutura versificatória).
    Na obra "Os Lusíadas", e em obediência às regras acima enunciadas, encontramos os seguintes elementos:
    • Ação: viagem marítima de Vasco da Gama à Índia
    • Herói : não é Vasco da Gama, mas sim todo povo português, representado simbolicamente na figura de, Vasco da Gama
    • Maravilhoso
    Cristão: intervenção do Deus dos Cristãos
    Pagão : intervenção das divindades da mitologia
    Céltico ou mágico : intervenção da feitiçaria, da magia, de crenças populares
    • Forma - Narrativa
    Os Lusíadas é constituído de dez cantos, somando 1102 estrofes em oitava-rima(ABABABCC). Ao todo são 8816 versos decassílabos.

    Partes da Epopeia
    De acordo com as regras do género, a epopeia clássica estrutura-se em três partes obrigatórias: Proposição (apresentação do assunto), Invocação (súplica da inspiração) e Narração (desenvolvimento do assunto). Pode incluir uma parte facultativa, a Dedicatória (oferecimento da obra). Na Narração, é possível encontrar o Epílogo (fechamento da epopeia) com a consagração dos heróis.
    "Os Lusíadas", na sua estrutura interna, possui:
    • A Proposição (Canto I, estâncias 1 a 3) onde o Poeta indica aquilo que se propõe cantar.
    • As Invocações :
    - 1.ª (Canto I, estâncias 4 e 5) - súplica às Tágides (ninfas do Tejo) para que o ajudem na organização do poema e lhe deem inspiração para cantar os feitos heroicos lusitanos;
    - 2.ª (Canto III, estâncias. 1 e 2) - súplica a Calíope, porque estão em causa os mais importantes feitos lusíadas;
    - 3.ª (Canto VII, estâncias. 78 a 87) - súplica às ninfas do Tejo e do Mondego, queixando-se dos seus infortúnios;
    - 4.ª (Canto X, estâncias. 8 e 9) - novo pedido a Calíope para que o inspire para terminar a obra.
    • A Dedicatória (Canto I, estâncias 6 a 18), com o oferecimento do poema a D. Sebastião.
    • A Narração (a partir do Canto I, estâncias 19 e seguintes), iniciada quando a frota se encontra no Canal de Moçambique. Tem momentos retrospetivos (da história de Portugal e da viagem), momentos prospetivos (sonhos, presságios, profecias) e Epílogo (regresso dos nautas incluindo o episódio da Ilha dos Amores).

    Beijos, Tainá Rolim

    Luiz de Camões - Vida e Obras

               Segue abaixo, um video que conta de forma resumida a vida e as obras de Camões. Se você ainda não conhece, não deixe de ver o vídeo!




    Espero que tenha ajudado vocês a entender um pouco mais sobre o célebre poeta português!

    Beijos, Camyla Rolim

    Sobre Homero

            Homero, poeta grego        A vida de Homero mistura lenda e realidade. De acordo com a tradição, Homero era cego e poderia ter nascido em vários locais da Grécia Antiga: Esmirna, Colofón, Atenas, Quios, Rodas, Argos, Ítaca e Salamina.
            Sobre a morte de Homero também há muito mistério. De acordo com documentos históricos do século V a.C, ele teria morrida na ilha de Íos.
            Pesquisadores modernos afirmam que não há nenhum dado seguro sobre as fontes da antiguidade que falam sobre Homero. De acordo com pesquisas atuais, caso ele tenha existido, é provável que tenha nascido e vivido na zona colonial jônica na Ásia Menor. Esta conclusão é tirada a partir das características lingüísticas de suas obras e as tradições abordadas que são típicas da região jônica.
            Alguns pesquisadores afirmam também que a partir das obras, é possível concluir que Homero tinha muito contato com a nobreza da época.
            Homero foi um poeta da Grécia Antiga que nasceu e viveu no século VIII a.C. É autor de duas das principais obras da antiguidade: os poemas épicos Ilíada* e Odisséia*.
       
            * Ilíada – poema épico grego, considerado o mais antigo da literatura ocidental. São 15.693 versos que narram os acontecimentos do último ano da Guerra de Tróia (cidade chamada de Ilion pelos gregos).
          * Odisséia – são 24 cantos que narram a viagem de volta do herói grego Odisseu (Ulisses) da Guerra de Tróia. São 10 anos de aventuras até chegar na Ilha de Ítaca, onde era rei.


    -POR: Rafaela Maciel

    terça-feira, 8 de novembro de 2011



    Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, 
    Muda-se o ser, muda-se a confiança; 
    Todo o Mundo é composto de mudança, 
    Tomando sempre novas qualidades. 

    Continuamente vemos novidades, 
    Diferentes em tudo da esperança; 
    Do mal ficam as mágoas na lembrança, 
    E do bem, se algum houve, as saudades. 

    O tempo cobre o chão de verde manto, 
    Que já coberto foi de neve fria, 
    E em mim converte em choro o doce canto. 

    E, afora este mudar-se cada dia, 
    Outra mudança faz de mor espanto: 
    Que não se muda já como soía.
    Camões 



    PS: Composto por 2 quartetos e tercetos, com metrificação em decassílabos e rimas em esquemas rigorosos. Esquema típico do classicismo. 

    O que acharam do poema? 

    Beeijos, Bianca Marinho

    Um pouquinho de Júlio Verne

    Julio Verne nasceu em Nantes em 8 de fevereiro de 1828. Fugiu de casa com 11 anos para ser grumete e depois marinheiro. Localizado e recuperado, retornou ao lar paterno. Em um furioso ataque de vergonha por sua breve e efêmera aventura, jurou solenemente (para a sorte de seus milhões de leitores) não voltar a viajar senão em sua imaginação e através de sua fantasia.
         Promessa que manteve em mais de oitenta livros.
         Sua adolescência transcorreu entre contínuos choques com o pai, para quem as veleidades exploratórias e literárias de Júlio pareciam totalmente ridículas. Finalmente conseguiu mudar-se para Paris onde entrou em contato com os mais prestiados literatos da época. Em 1850 concluiu seus estudos jurídicos e, apesar insistência do pai para que voltasse a Nantes, resistiu, firme na decisão de tornar-se um profissional das letras.
         Foi por esta época que Verne, influenciado pelas conquistas científicas e técnicas da época, decide criar uma literatura adaptada à idade científica, vertendo todos estes conhecimentos em relatos épicos, enaltecendo o gênio e a fortaleza do homem em sua luta por dominar e transformar a natureza.
         Em 1856 conheceu Honorine de Vyane, com quem casou em 1857.
         Por essa época, era um insatisfeito corretor na Bolsa, e resolveu seguir o conselho de um amigo, o editor P. J. Hetzel, que será seu editor in eternum, e converteu um relato descritivo da África no Cinco Semanas em Balão (1863). Obteve êxito imediato. Firmou um contrato de vinte anos com Hetzel, no qual, por 20.000 francos anuais, teria de escrever duas novelas de novo estilo por ano. O contrato foi renovado por Hetzel e, mais tarde, por seu filho. E assim, por mais de quarenta anos, as Voyages Extraordinaires apareceram em capítulos mensais na revista Magasin D'éducation et de Récréation.
         Em A Volta ao Mundo em 80 Dias, encontramos, ao mesmo tempo, muito da breve experiência de Verne como marinheiro e como corretor de Bolsa.
         Nada mais justo, também, que o novo estilo literário inaugurado por Júlio Verne, fosse utilizado por uma nova arte que surgia: o cinema. Da Terra à Lua (Georges Mélies, 1902), La Voyage a travers l'impossible (Georges Mélies, 1904), 20.000 lieus sous les mers(Georges Mélies, 1907), Michael Strogoff (J. Searle Dawley, 1910), La Conquête du pôle (Georges Mélies, 1912) foram alguns dos primeiros filmes baseados em suas obras. Foram inúmeros.
         A Volta ao Mundo em 80 dias foi filmado em 1956, com enredo milionário, dirigido por Michael Anderson, música de Victor Young, direção de fotografia de Lionel Lindon. David Niven fez Phileas Fogg, Cantinflas, Passepartout, Shirley MacLaine, Aouda. Em 1989, foi aproveitado para uma série de TV, com a participação da BBC, dirigida por Roger Mills. No mesmo ano, outra série de TV, agora nos EE.UU., dirigida por Buzz Kulik, com Pierce Brosnan (Phileas Fogg), Eric Idle (Passepartout), Julia Nickson-Soul (Aouda), Peter Ustinov (Fix).
         Apesar de tudo, a vida de Verne não foi fácil. Por um lado sua dedicação ao trabalho minou a tal ponto sua saúde que durante toda a vida sofreu ataques de paralisia. Como se fosse pouco, era diabético e acabou por perder vista e ouvido. Seu filho Michael lhe deu os mesmos problemas que dera ao pai e, desgraça das desgraças, um de seus sobrinhos lhe disparou um tiro à queima-roupa deixando-o coxo. Sua vida efetiva também não foi das mais tranqüilas e todos os seus biógrafos admitem ter tido uma amante, um relacionamento que só terminou com a morte da misteriosa dama.
         Verne também se interesou pela política, tendo sido eleito para o Conselho de Amiens em 1888 na chapa radical, reeleito em 1892, 1896 e 1900.
         Morreu em 24 de Março de 1905.

    -
    Achei esse "Livro Treiler" sobre o Livro "Volta ao mundo em 80 dias", deem uma olhada!!

    Beijos, 
    Thayná Rezende

    segunda-feira, 7 de novembro de 2011

    Pierre de Ronsard

    Donc, si vous me croyez, Mignonne,
    Tandis que votre âge fleuronne
    En sa plus verte nouveauté,
    Cueillez, cueillez votre jeunesse:
    Comme à cette fleur, la vieillesse
    Fera ternir votre beauté.


    TRADUÇÃO: Meu conselho é, pois,amor,
    Que, enquanto na vida em flor,
    Encantos possam sobrar-te:
    Colhe, colhe a mocidade,
    Pois como à rosa a idade
    Da beleza há de privar-te.

    Poesia Renascentista Francesa - PIERRE DE RONSARD

    Beijos, Tayná Andrade !

    quinta-feira, 3 de novembro de 2011

    Classicismo - Renascimento


    A história da criação estética no Ocidente desenrolou-se, em grande parte, com a alternância de períodos "clássicos", em que predominou a busca de harmonia e proporção, e de fases caracterizadas por tendências mais livres, como o barroco e o romantismo, em que se valorizou sobretudo a expressão da subjetividade e da fantasia do artista.
    O termo classicismo, a rigor, refere-se a um movimento cultural baseado nos modelos da antiguidade clássica e que impôs em diferentes momentos históricos: Renascimento, século XVII e, em sua versão conhecida como neoclassicismo, entre o final do século XVIII e começo do XIX. Como traços peculiares a essa atitude estética devem ser apontados a importância conferida aos mestres gregos e romanos, o sentido das proporções, a harmonia entre as partes e o todo, a busca do equilíbrio e o desejo de imitar a natureza (mimese). Essa imitação, no entanto, não pretendia apenas a cópia, mas a seleção dos princípios básicos da realidade e sua representação racional. O classicismo, portanto, buscava antes de tudo refletir a ordem do mundo e seus componentes essenciais.
    Sob tal perspectiva pode-se dizer, em sentido amplo, que o classicismo constitui uma determinada atitude artística que tem reaparecido continuamente nos mais diversos momentos da história. A decomposição da natureza em suas formas geométricas, postulada pelo neo-impressionista francês Cézanne e levada ao extremo pelos cubistas, ou a arquitetura racionalista do século XX, partilham muitos dos princípios classicistas. Na realidade, os grandes mestres do classicismo nunca se limitaram a imitar modelos do passado: absorveram seu espírito, para adaptá-lo a seu próprio tempo.
    DANILO CARLOS REGIS;
    Pesso que comentem com clareza e com disciplina.

    terça-feira, 1 de novembro de 2011

    1492 - A Conquista do Paraíso

                   Na Idade Moderna, na época das Expansões Marítimas (XV/XVI), o interesse dos navegadores europeus era descobrir terras e conquistá-las, em busca de especiarias, ouro, e principalmente, traçar um caminho que os levasse até as Índias.
                     Um destes navegadores foi o genovês Cristóvão Colombo, um homem que desafiou a igreja para provar a teoria de que a terra não girava em torno de Deus (teocentrismo), não era quadrada e não possuía nenhum abismo; a terra se apresentava de forma esférica. Colombo acreditava que, para chegar até as Índias , o navegador deveria sair da Espanha em linha reta a 750 léguas, há nove semanas pelo “mar tenebroso” – oceano Atlântico, e assim, chegaria ao Oriente.
                      O que Colombo não sabia era que iria muito além das Índias, descobrindo novas terras! Para viajar, Colombo precisava do apoio da rainha – Estado Absolutista, e se ele conseguisse descobrir uma nova rota comercial para Espanha, seria nomeado nobre. È chegado o dia de partir. A tripulação e as caravelas estão prontas. Colombo calcula cada passo da viagem com a bússola, astrolábio, mapas.              
                    Porém, um pequeno erro de cálculo levou as caravelas a passarem da distância prometida , levando a tripulação a se preocupar com a viagem. Passaram-se alguns dias do prazo da rota, e eis que de repente, a profundidade começa a diminuir, terra à vista! Os espanhóis chegam em terra em 1492. Colombo achou que havia chegado às Índias, mas cometeu um ligeiro engano, pois ele havia chegado à América Central, nas Ilhas Guananis, onde achou espécies de animais nunca vistas antes por um europeu.
                     O “Novo Mundo” era o paraíso! Porém, as terras já eram habitadas por pessoas com hábitos e cultura diferentes, o que levou os europeus a estranhar seus hábitos, mas o convívio inicial levou alguns membros da tripulação de Colombo até a tornarem-se índios (termo utilizado para relacionar com a idéia de que haviam chegado às Índias). No entanto, os “índios” perceberam a ambição dos espanhóis no ouro, na riqueza e no poder. E então tudo pode acontecer.

    E aí? Gostaram do filme? O que mais chamou atenção?

    PS: Não esqueçam de responder aquelas perguntas!

    Beijos, Camyla Rolim


    Análise

    Amor é fogo que arde sem se ver,
    é ferida que dói, e não se sente;
    é um contentamento descontente,
    é dor que desatina sem doer.

    É um não querer mais que bem querer;
    é um andar solitário entre a gente;
    é nunca contentar-se de contente;
    é um cuidar que ganha em se perder.

    É querer estar preso por vontade;
    é servir a quem vence, o vencedor;
    é ter com quem nos mata, lealdade.

    Mas como causar pode seu favor
    nos corações humanos amizade,
    se tão contrário a si é o mesmo Amor? 

    (Luis Vaz de Camões)


    ANÁLISE DO SONETO “AMOR É FOGO QUE ARDE SEM SE VER” DE LUÍS VAZ DE CAMÕES
    O soneto “Amor é fogo que arde sem se ver”, de Luís Vaz de Camões, trata de um conceito do amor na concepção do neoplatonismo, pois, acentua-se o dualismo platônico entre sensível e inteligível, matéria e espírito, finito e infinito, mundo e Deus. Este soneto é uma definição poética do amor. Como se Camões quisesse definir este sentimento indefinível e explicar o inexplicável, colocando imensos contrastes para caracterizar este “mistério”. Para Camões, o Amor (com A maiúscula) é um tipo de ideal superior, perfeito e único, pelo qual há o anseio de atingi-lo, mas como somos imperfeitos e decaídos, somos ao mesmo tempo incapazes de chegar a esse ideal. O amor é visto, então, como um sentimento que envolve sensações e que ocorre quando existe um senso de identidade entre pessoas com identidades bem definidas e diferenciadas. Existe a dualidade da incerteza do amor “físico” (com a minúscula) com o Amor ideal, assim o amor é um tipo de “imitação” do Amor, na realidade o autor procura compreender e definir o processo amoroso. Conceituando a natureza paradoxal do amor, o soneto ressalta em enunciados antitéticos, compondo um todo lógico, o caráter paradoxal do sentimento amoroso. Esclarecendo-se, entretanto, que tais contradições são, por vezes, aparentes, pois, a segunda pane de cada verso funciona como complemento da primeira, enfatizando-a por intermédio da aproximação de realidades distintas.


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    Beijos,
    Thayná Rezende