segunda-feira, 28 de novembro de 2011

A volta ao mundo em 80 dias.

O livro “A Volta ao Mundo em 80 Dias” conta a história de um inglês bem-educado, culto e rico chamado Phileas Fogg.

No início do livro, o Sr. Fogg recebe em sua casa o seu novo criado particular, o francês Passepartout. Nesse mesmo dia, enquanto jogava whist com outros membros do Reform Club e discutiam o recente assalto ao Banco de Inglaterra, Fogg afirmou que seria possível ao ladrão em fuga dar a volta ao mundo em em oitenta dias. Esta afirmação causou uma acesa discussão entre os jogadores que acabam por fazer uma aposta com Phileas Fogg: Stuart, Fallentin, Sullivan, Flanagan e Ralph apostaram quatro mil libras contra vinte mil libras de Fogg em como este não conseguiria dar a volta ao mundo em oitenta dias. Feita a aposta, Phileas partiria nessa mesma noite, dia 2 de Outubro, e regressaria a Londres dia 21 de Dezembro, quando faltassem exactamente quinze minutos para as nove da noite. E foi assim que, acompanhado pelo jovem Passepartout, o nosso herói iniciou uma grande aventura.
Após ter ultrapassado Paris, Turim e Brindisi, foi em Suez que Fogg se tornou suspeito do teimoso detective da Scotland Yard, Sr. Fix, que encontrou várias semelhanças entre o Phileas e o assaltante do Banco de Inglaterra. O detective imediatamente pediu um mandado de captura para Londres. A partir daqui, Phileas Fogg foi permanentemente perseguido pelo detective Fix. Os dois companheiros seguem viagem desde o Egipto à Índia, depois a China, o Japão, os Estados Unidos e, finalmente regressam a Inglaterra. Na sua jornada usam diferentes meios de transporte da época - vapores, comboios, carruagens , e até mesmo um elefante. São também várias as personagens com quem se cruzam e criam amizade. É o caso de Aouda, uma bela indiana que é salva pelos nossos heróis e dois novos amigos, Sir Francis e um jovem persa, de ser sacrificada. Os sentimentos entre Fogg e Aouda vão crescendo ao longo da viagem.
Desconhecendo que o verdadeiro assaltante do Banco de Inglaterra, um certo James Strand, fora preso a 17 de Dezembro em Edimburgo, o detective Fix prende Fogg quando este chega ao cais de Liverpool. Este acontecimento acaba por atrasar o nosso herói que, após ter sido libertado, ter esmurrado o nariz do detective e ter apanhado um comboio especial para Londres, acaba por verificar que perdera a aposta por cinco minutos. Seguiu para casa com Aouda e Passepartout. No dia seguinte, Passepartout dirige-se ao Reverendo Samuel Wilson para marcar o casamento de Fogg e Aouda. É então que descobre que era Sábado e não Domingo, logo não tinham perdido a aposta. Como a viagem fora feita sempre em direcção a Oriente, isto é, contra o sol, os dias diminuiram tantas vezes que acabaram por ganhar um dia!
Fogg reclama a sua vitória e assim termina o livro.


Esse é um resumo do livro "A volta ao mundo em 80 dias.", muito bom para quem não tem ou não leu o livro.

Beijos, Raphaella de Miranda.

Caractéristicas do classicismo.

Características do classicismo renascentista:
Antropocentrismo
Presença de elementos da mitologia
Presença de elementos do cristianismo
Preciosismo vocabular
Obediência à versificação
Figuras (em especial de personificação)
Racionalismo (objetividade)
Universalismo (generalização)

Características do classicismo:
1º Imitação dos autores clássicos gregos e romanos da antiguidade: Homero, Virgílio, Ovídio, etc...
2º  Uso da mitologia: Os deuses e as musas, inspiradoras dos clássicos gregos e latinos a parecem também nos clássicos renascentistas: Os Lusíadas: (Vênus) = a deusa do amor; Marte (o deus da guerra), protegem os portugueses em suas conquistas marítimas.
3º  Predomínio da razão sobre os sentimentos: A linguagem clássica não é subjetiva nem impregnada de sentimentalismos e de figuras, porque procura coar, através da razão, todas os dados fornecidos pela natureza e, desta forma expressou verdades universais.
4º  Uso de uma linguagem sóbria, simples, sem excesso de figuras literárias.
5º  Idealismo: O classicismo aborda os homens ideais, libertos de suas necessidades diárias, comuns. Os personagens centrais das epopéias (grandes poemas sobre grandes feitos e heróicos) nos são apresentados como seres superiores, verdadeiros semideuses, sem defeitos. Ex.: Vasco da Gama em os Lusíadas: é um ser dotado de virtudes extraordinárias, incapaz de cometer qualquer erro.
6º  Amor Platônico: Os poetas clássicos revivem a idéia de Platão de que o amor deve ser sublime, elevado, espiritual, puro, não-físico.
7º  Busca da universalidade e impessoalidade: A obra clássica torna-se a expressão de verdades universais, eternas e despreza o particular, o individual, aquilo que é relativo.

Luis de Camões
Características da poesia de Luis Vaz de Camões
1º  Poesia elaborada sobre uma experiência pessoal múltipla.
2º  Síntese entre a tradição literária portuguesa e as inovações introduzidas pelos ilalianizozntes do "dolce stil nuevo": redondilhas > inovações formais (decassílabo) Mote glosado > inovações temáticas (amor platônico e seus paradoxos)

A lira de Luis Vaz de Camões
1º  Visão da natureza (idal clássico que se caracteriza pela harmonia, ordem e racionalidade (a natureza é um exemplo)).
2º  Concepção do amor: (Platonismo: O verdadeiro amor, amor puro, está no mundo das idéias).
3º  O desconcerto do mundo (a razão desvenda o mundo sem sentido e sofre).

Raphaella de Miranda.

domingo, 27 de novembro de 2011

José de Anchieta





O melhor da produção literária do Quinhentismo, do ponto de vista estético, surge na segunda metade do século XVI, com a chegada dos padres jesuítas. Seus textos, com forte traço da cultura medieval, representam manifestações de uma literatura mais organizada, seja pela cultura dos membros da Companhia de Jesus, seja pelo cultivo de gêneros como a poesia e o teatro. Refletindo o momento religioso da Contra-Reforma, é uma literatura de cunho pedagógico, voltada ao trabalho de catequese.
Tendo o padre Manuel da Nóbrega, Provincial dos Jesuítas no Brasil, solicitado mais braços para a atividade de evangelização do Brasil (mesmo os fracos de engenho e os doentes do corpo), o Provincial da Ordem,Simão Rodrigues, indicou, entre outros, José de Anchieta.
Anchieta, que padecia de "espinhela caída", chegou ao Brasil em 13 de junho de 1553, com menos de 20 anos de idade, com outros padres como o basco João de Azpilcueta Navarro. Noviço, veio na armada de Duarte Góis e só mais tarde conheceria Manuel da Nóbrega, de quem se tornaria particular amigo. Nóbrega lhe deu a incumbência de continuar a construção do Colégio e foi a partir deste que Anchieta abriu os caminhos do sertão, aprendendo a língua tupi e compondo a primeira gramática desta que, na América Portuguesa, seria chamada de "língua geral".
No seguimento da sua ação missionária, participou da fundação, no planalto de Piratininga, do Colégio de São Paulo, do qual foi regente, embrião da cidade de São Paulo, junto com outros padres da Companhia, em 25 de janeiro de 1554. Esta povoação contava, no primeiro ano da sua existência com 130 pessoas, das quais 36 haviam recebido o batismo.
  • Obras:

Segundo a "Brasiliana da Biblioteca Nacional" (2001) "o Apóstolo do Brasil", fundador de cidades e missionário incomparável, foi gramático,poeta, teatrólogo e historiador. O apostolado não impediu Anchieta de cultivar as letras, compondo seus textos em quatro línguas -português, castelhano, latim e tupi, tanto em prosa como em verso.
Duas das suas principais obras foram publicadas ainda durante a sua vida:
  • "De gestis Mendi de Saa" ("Os feitos de Mem de Sá") impressa em Coimbra em 1563, retrata a luta dos portugueses, chefiados pelo governador-geral Mem de Sá, para expulsar os franceses da baía da Guanabara onde Nicolas Durand de Villegagnon fundara a França Antártica. Esta epopeia renascentista, escrita em latim e anterior à edição de "Os Lusíadas", de Luís de Camões, é o primeiro poema épico da América, tornando-se assim o primeiro poema brasileiro impresso e, ao mesmo tempo, a primeira obra de Anchieta publicada.
  • "Arte de gramática da língua mais usada na costa do Brasil" impressa em Coimbra em 1595 por Antonio de Mariz. É a primeira gramática contendo os fundamentos da língua tupi. Apresenta folha de rosto com o emblema da Companhia de Jesus. Desta edição conhecem-se apenas sete exemplares, dois dos quais encontram-se na Biblioteca Nacional do Brasil: o primeiro pertenceu ao imperador D. Pedro II(1840-1889) e o outro é oriundo da coleção de José Carlos Rodrigues. Constituindo-se na sua segunda obra publicada, é ainda a segunda obra dedicada a línguas indígenas, uma vez que, em 1571, já surgira, no México, a "Arte de la lengua mexicana y castellana" de frei Alonso de Molina.
O movimento de catequese influenciou seu teatro e sua poesia, resultando na melhor produção literária do Quinhentismo brasileiro.
Entre suas contribuições culturais, podemos citar as poesias em verso medieval (sobretudo o poema De Beata Virgine Dei Matre Maria, mais conhecido como Poema à Virgem, com 4172 versos), os autos que misturavam características religiosas e indígenas, a primeira gramática do tupi-guarani (A Cartilha dos nativos).
Foi o autor de uma espécie de certidão de nascimento do Rio de Janeiro, quando redigiu sua carta de 9 de julho de 1565 ao Padre Diogo Mirão, dando conta dos acontecimentos ocorridos ali "no último dia de fevereiro ou no primeiro dia de março" do ano. Nela se encontram os seguintes trechos: "...logo no dia seguinte, que foi o último de fevereiro ou primeiro de março, começaram a roçar em terra com grande fervor e cortar madeira para cerca, sem querer saber nem dos tamoios nem dos franceses." E: "... de São Sebastião, para ser favorecida do Senhor, e merecimentos do glorioso mártir."
A sua vasta obra só foi totalmente publicada no Brasil na segunda metade do século XX.
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Thayná Rezende

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

"Volta ao Mundo em 80 Dias"



O tradicional romance de Julio Verne é, na verdade, um clássico sobre o que move viagens e viajantes. A Volta ao Mundo em 80 Dias, embora publicada em 1873, segue sendo uma ficção apaixonante em que Verne mostra sua imaginação genial.
O livro conta a história de um cavalheiro ingles, Phileas Fogg,que tinha uma vida regrada e solitária, mas com muito dinheiro e, devido a uma aposta com seus amigos de jogo, resolve dar a volta ao mundo em 80 dias, acompanhado apenas de seu fiel empregado,um frances cujo nome é Jean Passepartout e com o detetive Fix sempre na sua cola, porque este acredita que Fogg é um assaltante de bancos e o segue até o momento de prendê-lo.
Nessa viagem, viverá diversas aventuras e conhecerá vários lugares do mundo, Esta história já foi traduzida para diversas línguas e por causa dela, muitos ingleses já deram a volta ao mundo.Embora muitos dos livros lançados tragam em suas capas a foto de um balao, não há momento algum na história em que os personagens se utilizem dele. Em certa ocasião, Phileas Fogg cogita o uso de um balão, mas a idéia fica só na imaginação.

Fonte: pt.shvoong.com/books


O livro ficou tão famoso que virou filme e até jogos turma, aqui vai o link .



Confiram , beijos Yanne Moura .

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Carta de Pero Vaz de Caminha e Intertextualidade (Música)

        A literatura de informação, característica da época do quinhentismo, representou os primeiros relatos da terra récem descoberta e por esse motivo serviu de base para textos romanticos, modernistas e até mesmo para músicas.
         Uma das música que utiliza do artifício da intertextualidade é Índios de Renato Russo, veja o trecho da carta, a música e também a análise e comente o que achou dela.

(...)
Mostraram-lhes um papagaio pardo que o Capitão traz consigo; tomaram-no logo na mão e acenaram para a terra, como quem diz que os havia ali. Mostraram-lhes um carneiro: não fizeram caso. Mostraram-lhes uma galinha, quase tiveram medo dela: não lhe queriam pôr a mão; e depois a tomaram como que espantados. Deram-lhes ali de comer: pão e peixe cozido, confeitos, fartéis, mel e figos passados. Não quiseram comer quase nada daquilo; e, se alguma coisa provaram, logo a lançaram fora. Trouxeram-lhes vinho numa taça; mal lhe puseram a boca; não gostaram nada, nem quiseram mais. Trouxeram-lhes a água em uma albarrada. Não beberam. Mal a tomaram na boca, que lavaram, e logo a lançaram fora. Viu um deles umas contas de rosário, brancas; acenou que lhas dessem, folgou muito com elas, e lançou-as ao pescoço. Depois tirou-as e enrolou-as no braço e acenava para a terra e de novo para as contas e para o colar do Capitão, como dizendo que dariam ouro por aquilo. Isto tomávamos nós assim por assim o desejarmos. Mas se ele queria dizer que levaria as contas e mais o colar, isto não o queríamos nós entender, porque não lho havíamos de dar. E depois tornou as contas a quem lhas dera. Então estiraram-se de costas na alcatifa, a dormir, sem buscarem maneira de cobrirem suas vergonhas, as quais não eram fanadas; e as cabeleiras delas estavam bem rapadas e feitas. O Capitão lhes mandou pôr por baixo das cabeças seus coxins; e o da cabeleira esforçava-se por não a quebrar. E lançaram-lhes um manto por cima; e eles consentiram, quedaram-se e dormiram. (...)
(Pero Vaz de Caminha. In: Maria da Conceição Castro.. Língua e Literatura. vol1. SP:
Saraiva, 1994)

MÚSICA: Índios 
Quem me dera
Ao menos uma vez
Ter de volta todo o ouro
Que entreguei a quem
Conseguiu me convencer
Que era prova de amizade
Se alguém levasse embora
Até o que eu não tinha

Quem me dera
Ao menos uma vez
Esquecer que acreditei
Que era por brincadeira
Que se cortava sempre
Um pano-de-chão
De linho nobre e pura seda

Quem me dera
Ao menos uma vez
Explicar o que ninguém
Consegue entender:
Que o que aconteceu
Ainda está por vir
E o futuro não é mais
Como era antigamente.

Quem me dera
Ao menos uma vez
Provar que quem tem mais
Do que precisa ter
Quase sempre se convence
Que não tem o bastante
Fala demais
Por não ter nada a dizer.

Quem me dera
Ao menos uma vez
Que o mais simples fosse visto
Como o mais importante
Mas nos deram espelhos
E vimos um mundo doente.

Quem me dera
Ao menos uma vez
Entender como só Deus
Ao mesmo tempo é três
Esse mesmo Deus
Foi morto por vocês
É só maldade então
Deixar um Deus tão triste.

Eu quis o perigo
E até sangrei sozinho
Entenda!
Assim pude trazer
Você de volta pra mim
Quando descobri
Que é sempre só você
Que me entende
Do início ao fim.

E é só você que tem
A cura do meu vício
De insistir nessa saudade
Que eu sinto
De tudo que eu ainda não vi.

Quem me dera
Ao menos uma vez
Acreditar por um instante
Em tudo que existe
E acreditar
Que o mundo é perfeito
Que todas as pessoas
São felizes...

Quem me dera
Ao menos uma vez
Fazer com que o mundo
Saiba que seu nome
Está em tudo e mesmo assim
Ninguém lhe diz
Ao menos obrigado.

Quem me dera
Ao menos uma vez
Como a mais bela tribo
Dos mais belos Índios
Não ser atacado
Por ser inocente.

Eu quis o perigo
E até sangrei sozinho
Entenda!
Assim pude trazer
Você de volta pra mim
Quando descobri
Que é sempre só você
Que me entende
Do início ao fim.

E é só você que tem
A cura pro meu vício
De insistir nessa saudade
Que eu sinto
De tudo que eu ainda não vi.

Nos deram espelhos
E vimos um mundo doente
Tentei chorar e não consegui.
(Legião Urbana. Disponível em: www.vagalume.com.br. Acesso em 25/11/2010).


ANALISANDO:
O trecho da carta de Caminha e a música Índios tratam do mesmo tema: a chegada dos portugueses ao Brasil, o primeiro contato com os índios, a busca por ouro e a conseqüente exploração da nossa terra. Caminha descreve o primeiro encontro entre os índios e o capitão da embarcação portuguesa na postura de colonizador. O autor da música fala deste e de outros fatos relacionados, porém, sob a ótica do colonizado. O escrivão português demonstrou grande interesse em descrever o povo que habitava a terra nova, numa visão bastante interessante, usando parâmetros da civilização européia, nada adequados à observação de povos indígenas. Na música, é apresentada uma visão bem crítica dos fatos, possibilitada pelo indispensável distanciamento histórico.
Na música, a repetição da expressão ‘quem me dera ao menos uma vez’ traduz talvez o desejo do autor de voltar ao passado e mudar a história, tentar compreender os fatos ou até mesmo demonstrar alguma atitude perante eles e não somente assistir a tudo passivamente. O oferecimento de bugigangas, representadas por espelhos na música, seria o prenúncio de que os portugueses levariam nossas riquezas (pau-brasil, açúcar, ouro...) em troca de quase nada ou nada em troca.
Na sexta estrofe, o conceito da Trindade (um Deus que é Pai, Filho e Espírito Santo em uma só pessoa) nos remete à catequização dos índios. Para eles, este conceito era tão incompreensível quanto o fato de Jesus ser morto pelo branco (vocês), e Deus, que também é Jesus, continuar vivo e adorado pelos brancos.
Na oitava estrofe se acentua o tom irônico, presente ao longo da música, (seria prova de amizade alguém levar até o que eu não tinha?) quando o autor expressa o desejo de acreditar num mundo perfeito, em meio à hipocrisia de um mundo doente e de pessoas ingratas como se nota na nona estrofe.
 
 
 
 
O que acham da música? Concordam que é uma intertextualidade com a Carta de Caminha ?

Beijos, Camyla Rolim

Conhecendo Murilo Mendes

Murilo Monteiro Mendes, nasceu dia 13 de maio de 1901, em Juiz Fora, Minas Gerais. Aos 9 anos teve uma revelação poética ao assistir a passagem do cometa Halley. Em 1917, fugiu do colégio em Niterói para assistir, no Rio de Janeiro, às apresentações do bailarino Nijinski. Muda-se definitivamente para o Rio em 1920. Os anos de 1924 a 1929 foram dedicados à formação cultural e à luta contra a instabilidade profissional. Foi arquivista no Ministério da Fazenda e funcionário do Banco Mercantil. Nesse período publica poemas em revistas modernistas como "Verde" e "Revista de Antropofagia". Seu primeiro livro, "Poemas", é publicado em 1930. É agraciado com o Prêmio Graça Aranha. Em 1934 converte-se ao catolicismo e, nesse mesmo ano interna-se em um sanatório em Petropólis por estar com tuberculose. Em 1946, torna-se escrivão da 4ª Vara de Família do Distrito Federal. Em 1947 se casa com Maria da Saudade Cortesão.  Cumpre missão cultural na Europa, proferindo diversas conferências. Muda-se para a Itália em 1957, onde se torna professor de Cultura Brasileira na Universidade de Roma. Foi também professor na Universidade de Pisa. Seus livros são publicados por toda a Europa. Em 1972, recebe o prêmio internacional de poesia Etna-Taormina. Murilo Mendes morre em Lisboa, no dia 13 de agosto de 1975.
Murilo Mendes começou pelo humor da poesia modernista, passando pelo catolicismo, o misticismo, o onírico e mesmo o insólito, sempre mantendo a plasticidade imagética. Até atingir uma objetividade que beira os fatos históricos, visto que apresenta paisagens carregadas de estilhaços e fragmentos da história.

Um dos poemas de Murilo Mendes é:

O homem, a luta e a eternidade

Adivinho nos planos da consciência
dois arcanjos lutando com esferas e pensamentos
mundo de planetas em fogo
vertigem
desequilíbrio de forças,
matéria em convulsão ardendo pra se definir.
Ó alma que não conhece todas as suas possibilidades,
o mundo ainda é pequeno pra te encher.
Abala as colunas da realidade,
desperta os ritmos que estão dormindo.
À guerra! Olha os arcanjos se esfacelando!


Um dia a morte devolverá meu corpo,
minha cabeça devolverá meus pensamentos ruins
meus olhos verão a luz da perfeição
e não haverá mais tempo.


Bjos, Maria Carolina



Pero Vaz Caminha segundo Oswaldo de Andrade

Pero Vaz Caminha

a descoberta

Seguimos nosso caminho por este mar de longo
Até a oitava da Páscoa
Topamos aves
E houvemos vista de terra

os selvagens

Mostraram-lhes uma galinha
Quase haviam medo dela
E não queriam pôr a mão
E depois a tomaram como espantados

primeiro chá

Depois de dançarem
Diego Dias
Fez o salto real

as meninas da gare

Eram três ou quatro moças bem moças e bem gentis
Com cabelos mui pretos pelas espáduas
E suas vergonhas tão altas e tão saradinhas
Que de nós as muito bem olharmos
Não tínhamos nenhuma vergonha

Oswald de Andrade
(1890-1954)


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Thayná Rezende