segunda-feira, 13 de junho de 2011

Soneto de Fidelidade





Vinicius de Moraes
De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
Vinicius de Moraes, "Antologia Poética", Editora do Autor, Rio de Janeiro, 1960, pág. 96.


Vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=eHgU4ERc7Nc


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Thayná Rezende 

Um comentário:

  1. Bom, esse poema de Vinicius é uma obra prima! Ele expressa-se de tal maneira que envolve o leitor (a pensar, refletir e tentar interpretar significativamente o que o eu-lírico quer dizer). Trata-se de um amor incontrolável, mas mesmo assim um amor zeloso, paciente, e que talvez até inexplicável(pois o amor é infinito)! Vinicius é um dos autores mais consagrados, pois se expressava com o que o mesmo vivenciava.

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